Dando continuidade ao projeto iniciado com o Novembro Negro, os alunos dos 8º e 9º anos do Ensino Fundamental – Anos Finais do Centro de Excelência Master protagonizaram, no dia 10 de novembro, a culminância de uma proposta interdisciplinar que uniu as disciplinas de Língua Portuguesa, História, Artes e Projeto de Vida. O projeto teve início com a leitura e análise do livro Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus, e se expandiu para ações práticas e reflexivas sobre desigualdade social, empatia e cidadania.
A atividade resultou em uma exposição de lambes confeccionados pelos alunos, distribuídos em três painéis na área de convivência da escola, com frases reflexivas inspiradas na obra e em suas próprias percepções sobre as desigualdades sociais. Além disso, os estudantes produziram maquetes em caixas, retratando suas interpretações sobre o ambiente descrito por Carolina Maria de Jesus e sobre a realidade das favelas brasileiras.
A coordenadora dos 8º e 9º anos, Bárbara Aragão, destacou a importância de transformar a reflexão em atitude. “A gente traz pros meninos a conscientização do local de privilégio que eles têm e da realidade dos locais periféricos, que muitas vezes é muito distante da vivência deles. Quando trouxemos o pessoal da CUFA para a palestra, eles puderam enxergar isso de forma mais sensível. As maquetes e os lambes ampliaram essa visão, e as doações de cerca de 100 cestas básicas para famílias atendidas pela CUFA foram a forma prática de ajudar. O Master não fica apenas no campo das ideias, mas transforma palavra em ação”, ressaltou.
Para a professora de História e Projeto de Vida, Geise Santos, o trabalho possibilitou que os alunos conectassem o conteúdo estudado à realidade social. “Desde o início do ano, discutimos as desigualdades sociais como uma problemática histórica no Brasil. Esse projeto fez com que eles saíssem do livro didático e enxergassem de perto o que estudam. A ação de arrecadação de alimentos, por exemplo, fez parte da disciplina de Projeto de Vida, justamente para mostrar que, mesmo que uma doação não mude o mundo, ela já representa um passo concreto na direção da empatia e da responsabilidade social”, afirmou.
A professora de Artes, Andréa Ferreira, explicou que o trabalho com maquetes surgiu da proposta de estudar arquitetura e urbanismo dentro da disciplina. “Conversamos sobre a questão das favelas, mostrando que morar em uma comunidade não é uma escolha, mas uma realidade social. Pedi que os alunos criassem maquetes com materiais simples que representassem esse espaço, respeitando sua estética e dignidade. O resultado foi emocionante: eles trouxeram um olhar sensível, mostrando que simplicidade não é sinônimo de desorganização, e conseguiram representar as favelas com respeito e empatia”, contou emocionada.
Já a professora de Língua Portuguesa, Juliana Argento, responsável por idealizar o projeto, ressaltou o papel da educação como instrumento de transformação. “A educação transforma quem se permite ser transformado. Nosso papel como educadores é oferecer oportunidades, mesmo que o impacto não alcance a todos. Alguns alunos se mobilizaram de forma muito genuína, indo além do que foi pedido, e isso mostra que estamos no caminho certo. O projeto uniu leitura, reflexão e prática social, e isso é o que dá sentido à aprendizagem”, destacou.
A aluna Marina Blanco, do 9º ano, também compartilhou sua experiência. “Achei muito interessante, porque a escola tenta nos conscientizar sobre a situação de pobreza que muitas pessoas vivem por meio do livro Quarto de Despejo. Fazer a maquete e trabalhar com essa realidade trouxe mais sensibilidade pra mim e pros meus colegas. Foi muito bom participar desse projeto e poder refletir sobre essas questões de forma tão próxima”, afirmou.






